POESIA de resistência e libertadora
A poesia negra. É assim mesmo que ela é apresentada... Me encantei com a força e o poder de denúncia, tudo dito numa linguagem poética: o racismo, o corte com a ancestralidade africana e a repercussão na questão da identidade, a indiferença da sociedade brasileira em relacao aos jovens negros mortos nas favelas e bairros periféricos....enfim, um mundo e um olhar particulares mas ao mesmo tempo universal, que precisa ser visto de verdade, incluído e integrado.. Por conta do Dia da África (25 de maio) escolhi alguns poemas que remetem mais diretamente ao continente africano e a África que mora dentro das pessoas.

DIÁSPORA
Marli de Fátima Aguiar
Minha poesia é meu barco
Que navega no mar da diáspora
Não me leva á América do Norte
Mas me leva ao sul das Américas
Minha poesia é meu barco-diaspora
Mas não me leva á Europa.
Ela me leva á algum lugar de África
Na busca de um fio, um fio
De minhas raízes e minhas histórias
Que se perderam nas águas do imenso Atlântico
Ela me leva á ancestralidade de minhas Iyas
Nas vozes das mães pretas de Abayomis
Nas vozes de minhas bisavós
Nas vozes de minhas avós
Na voz de minha mãe
É na minha própria voz.
ENCONTRO COM ÁFRICA
Jovina Souza
Invade me peito uma felicidade sutil
Que se deita no meu sorriso
quando piso em teu solo, África.
Enfeitado com faces como a minha,
carregando sons e cores
em diálogos com meus tempos
só decifrados dentro de mim.
Em toda diáspora te quero VIVA
não como metáfora ou como idílica
Mas como África de antes, que se levanta
e abriga seus filhos, ofertando narrativas
para definir esperanças e identidades.
És a mão que afaga meu nariz, meus cabelos,
barro que primeiro deu forma ao meu corpo
quero-te, assim, como conforto.
África de luta que modula a minha letra,
Minha linguagem.
Te amo como um vasto desenho de ouro;
És espelho semestre dos meus valores,
A parte que me falta quando volto.
Uma saudade trazendo sons baixinhos
Que vão se repetindo e se repetindo...
Um eco longínquo, dizendo teu nome.
Teus tambores, então, cantam no banzo
do meu peito,
eu aumento o volume e começo a dançar.
CONCLAMAÇÃO
Joana D'Arc
A cor da insubmissão é parda e preta
É cintilantemente negra!
Enquanto negra eu afirmo
Que contra todas as expectativas, vivo!
Se o salário é de fome,
Eu como.
Se a ordem é para obedecer,
Eu desobedeco...
Se é para consumir,
Eu reflito, não consumo.
Se me querem ignorante,
Eu não me rendo e rapidamente aprendo.
Se dizem cala, fica em silencio,
Eu grito, uso o verbo, faço comício.
Se dizem matem-se,
Eu amo e à ancestralidade conclamo:
Eu Sou porque nós somos!
CANDOMBLESISTER
Thiago Amepreta
fé preta
é força preta
pequena África
na prática
oke aro meu pai
epa hey
minha mae
acende a vela preta
que aqui exu é rei
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Axé amores, que a nossa miscigenação seja um elemento de ajuda para compreender e integrar a real diversidade que somos. E não para invisibilizar com sutileza as diferenças culturais e de crenças
UBUNTU!!!!
ZULEMA negrita Mendizabal